
"Acordo precisa ser cumprido": Prints revelam venda de emendas por deputados do PL
A Polícia Federal (PF) revelou um esquema de comercialização de emendas parlamentares envolvendo deputados do Partido Liberal (PL). As investigações apontam que os parlamentares exigiam a devolução de parte dos valores destinados a municípios por meio das emendas, prática que configura corrupção e desvio de dinheiro público.
Investigação e provas coletadas
De acordo com a PF, a operação teve início em novembro de 2020, após denúncias feitas por autoridades locais sobre irregularidades no repasse de recursos da saúde. As investigações indicaram que os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) estavam envolvidos em um esquema no qual 25% dos valores das emendas deveriam ser devolvidos a eles como propina.
Prints de conversas obtidos pela PF revelam detalhes sobre o funcionamento do esquema. Em uma das mensagens interceptadas, um intermediário afirma que "o acordo precisa ser cumprido" e que "a parte deles já está separada". Em outra troca de mensagens, um dos deputados orienta que os repasses sejam feitos de forma fracionada para evitar suspeitas.
Além disso, as conversas mostram que os parlamentares evitavam encontros presenciais para não serem filmados ou monitorados, indicando uma tentativa clara de esconder as atividades ilícitas. Além dos deputados, o esquema contava com a participação de lobistas e até um agiota, que auxiliavam no processo de desvio dos recursos.
Valores e impacto do esquema
As investigações apontam que, somente no município de São José de Ribamar (MA), três emendas parlamentares somaram R$ 6,7 milhões. Desses, pelo menos R$ 1,6 milhão teria sido solicitado como propina para os envolvidos no esquema. O dinheiro, que deveria ser utilizado para a saúde pública, acabava sendo desviado, comprometendo serviços essenciais para a população.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou os parlamentares envolvidos por organização criminosa e corrupção passiva. A denúncia será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 25 de fevereiro de 2025.
Reações e próximos passos
O caso gerou forte repercussão no meio político, com pedidos de maior rigor na fiscalização do uso das emendas parlamentares. Organizações da sociedade civil cobram medidas para evitar novos esquemas de desvio, enquanto a oposição pressiona por punições exemplares aos envolvidos.
A expectativa é que o julgamento no STF estabeleça um precedente importante na luta contra a corrupção no uso de recursos públicos. Caso os deputados sejam condenados, poderão perder seus mandatos e enfrentar penas severas por seus crimes.
A Polícia Federal segue acompanhando o caso e investiga se há mais políticos envolvidos no esquema. Especialistas ressaltam que a transparência na alocação de emendas é essencial para garantir que os recursos cheguem de fato à população e não sejam utilizados para enriquecimento ilícito de agentes públicos


